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Questões sobre Descartes
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DESCARTES, R. Princípios da filosofia. Lisboa: Edições 70, 1997 (adaptado).
Essa construção alegórica de Descartes, acerca da condição epistemológica da filosofia, tem como objetivo
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recepcionar o método experimental.Esta alternativa está incorreta. O método experimental é mais associado a cientistas empíricos como Francis Bacon. Descartes defendia um método racional e dedutivo para a aquisição do conhecimento, com ênfase na razão e no pensamento claro e distinto, em vez de dependência direta do método experimental.
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sustentar a unidade essencial do conhecimento.Esta alternativa está correta. Descartes utiliza a metáfora da árvore com raízes, tronco e ramos para ilustrar a estrutura do conhecimento. Nessa alegoria, ele sugere que toda ciência deriva de um fundamento comum, enfatizando a interconexão e a unidade essencial do conhecimento. A metafísica fornece o suporte, tal como as raízes para uma árvore, e dela surgem a física (o tronco) e demais ciências (os ramos), mostrando que, embora variadas, todas compartilham a mesma base epistemológica.
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incentivar a suspensão dos juízos.Esta alternativa está incorreta. A suspensão dos juízos é uma prática mais associada ao ceticismo, não ao racionalismo de Descartes. Descartes estava interessado em construir um sistema de conhecimento seguro e não em incentivar dúvidas persistentes. Ele procurava um método para chegar a conclusões certas, razão pela qual criou o "cogito, ergo sum" como primeira verdade indubitável.
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refutar o elemento fundamental das crenças.Esta alternativa está incorreta. Descartes não está preocupado, nesse contexto, em refutar as crenças fundamentais, mas sim em buscar um fundamento sólido para o conhecimento. Na verdade, ele queria construir o conhecimento a partir de bases metafísicas seguras, não simplesmente refutá-las.
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impulsionar o pensamento especulativo.Esta alternativa está incorreta. Embora Descartes fosse um pensador especulativo, a metáfora da árvore visa mais a mostrar a interconexão dos diferentes campos do saber do que a incentivar a especulação. Ele estava mais preocupado em fundamentar o conhecimento em bases racionais do que em encorajar a especulação sem critério.
O instrumento intelectual empregado por Descartes para analisar os seus próprios pensamentos tem como objetivo
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identificar um ponto de partida para a consolidação de um conhecimento seguro.Esta alternativa está correta. O propósito de Descartes, utilizando o método da dúvida, é identificar um ponto de partida seguro para o conhecimento. Ao duvidar de tudo que pode ser questionado, ele busca encontrar algo que seja absolutamente certo e inquestionável. Na segunda meditação, ele chega a essa certeza ao perceber que, enquanto pensa e duvida, ele certamente existe – famoso "Cogito, ergo sum" (Penso, logo existo). A partir daí, ele reconstrói o conhecimento sobre bases seguras.
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analisar as necessidades humanas para a construção de um saber empírico.Esta alternativa está incorreta. Descartes não está interessado em analisar necessidades humanas para construir um saber empírico. O conhecimento empírico se baseia na observação e na experiência, enquanto Descartes está baseando sua filosofia na dúvida metódica, que questiona a validade das experiências sensoriais e busca verdades que não possam ser negadas através do uso da razão, como a própria existência do "eu" pensante.
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investigar totalidades estruturadas para dotá-las de significação.Esta alternativa está incorreta. Descartes, em suas Meditações, não está investigando totalidades estruturadas para dotá-las de significação. Seu objetivo não é explorar estruturas complexas ou significados intrínsecos na maneira que um estruturalista faria, mas sim buscar a certeza e a fundamentação do conhecimento. Ele quer chegar a um ponto de certeza absoluta que funcione como base inabalável para todo o seu sistema de conhecimento posterior.
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estabelecer uma base cognitiva para assegurar a valorização da memória.Esta alternativa está incorreta. A proposta de Descartes nas Meditações não é estabelecer uma base cognitiva para assegurar a valorização da memória. Sua preocupação é muito mais fundamental e diz respeito à busca de certeza e solidez no conhecimento humano. Ele busca uma verdade inabalável que não possa ser questionada, como ponto de partida para o conhecimento verdadeiro, não uma valorização da memória.
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observar os eventos particulares para a formação de um entendimento universal.Esta alternativa está incorreta. Descartes não está observando eventos particulares para formar um entendimento universal através de uma generalização indutiva, como um empirista faria. Pelo contrário, ele inicia seu raciocínio duvidando de tudo que vem dos sentidos, que seriam responsáveis por observações particulares, e busca o conhecimento através da razão, chegando inicialmente à certeza de sua própria existência como um ponto de partida confiável.
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. TEXTO II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
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concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.Essa alternativa está incorreta. Apesar de Descartes e Hume reconhecerem dificuldades e limitações no conhecimento humano, ambos apresentam perspectivas afirmativas sobre como o conhecimento pode ser obtido, seja pela razão (Descartes) ou pelas impressões sensoriais (Hume). Eles não concluem que o conhecimento humano é impossível, mas sim que devemos ser cautelosos e críticos em sua obtenção.
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entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.Essa alternativa está incorreta. Descartes, no texto, expressa uma desconfiança em relação aos sentidos, afirmando que eles podem enganar. Isso é um alerta para sermos críticos com as ideias que temos. Hume também sugere uma metodologia crítica ao questionar de onde as ideias derivam. Ambos, portanto, falam sobre a importância de suspeitar e questionar a origem e significado das ideias, e não indicam que isso seja desnecessário.
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são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.Essa alternativa está incorreta. O criticismo é um termo mais especificamente associado a Kant, que desenvolveu a ideia de que conhecemos o mundo através de categorias a priori do entendimento. Descartes e Hume têm suas próprias abordagens críticas, mas elas não se enquadram no criticismo kantiano. Descartes é um racionalista que desconfia dos sentidos, e Hume é um empirista que defende a importância dos dados sensoriais.
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defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.Essa alternativa está incorreta. Descartes desconfia dos sentidos, afirmando que eles podem enganar. Sua abordagem é mais racionalista, contando com a razão para alcançar verdades. Hume, por outro lado, enfatiza a importância das impressões sensoriais na formação das ideias, alinhando-se mais ao empirismo. Portanto, eles não defendem de maneira uniforme os sentidos como critério originário do conhecimento.
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atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.Essa alternativa está correta. Descartes e Hume têm posturas distintas sobre o papel dos sentidos no conhecimento. Descartes é célebre por sua dúvida metódica, desconfiando dos sentidos e acreditando que a razão é o caminho para o conhecimento seguro. Hume, inversamente, enfatiza o papel das experiências e impressões sensoriais como origem das ideias, sendo um representante do empirismo. Assim, eles atribuem diferentes papéis aos sentidos no processo de conhecimento.
A relação entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia a permanência da seguinte corrente filosófica:
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Racionalismo cartesiano.O racionalismo cartesiano, originado de Descartes, enfatiza a razão como o principal caminho para o conhecimento. Descartes acreditava que a realidade podia ser compreendida basicamente pela análise lógica e racional. No texto em questão, a compreensão sobre as riquezas naturais e a função da América do Sul como provedora de recursos parece ser baseada numa lógica de exploração e aproveitamento sistemático das riquezas, o que se alinha com uma visão racionalista de operar e entender o mundo. Por causa dessa ênfase, é razoável associar o texto com o racionalismo cartesiano.
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Materialismo dialético.O materialismo dialético é uma abordagem filosófica associada ao marxismo, que propõe que a realidade social e histórica surge do conflito entre forças materiais, mais especificamente, as relações de produção. Esse conceito fala sobre a mudança histórica e social por meio de contradições e conflitos internos na sociedade. Como o texto discute a visão dos recursos naturais e o papel da América do Sul dentro de uma perspectiva já estabelecida e não de transformação social, não é adequado associar o materialismo dialético ao texto.
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Existencialismo fenomenológico.O existencialismo fenomenológico é uma corrente filosófica que enfatiza a experiência subjetiva e a liberdade individual. Ele busca entender como percebemos o nosso mundo e qual é o significado da existência a partir da perspectiva do sujeito. No entanto, o texto mencionado discute uma visão objetiva sobre o papel da América do Sul como provedora de recursos naturais, o que não está relacionado à abordagem subjetiva e individualista do existencialismo fenomenológico. Portanto, associá-lo a essa corrente filosófica não faz sentido nesse contexto.
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Pluralismo epistemológico.O pluralismo epistemológico refere-se à ideia de que existem múltiplas maneiras de conhecimento ou saber, e que nenhuma delas é necessariamente superior às outras. Embora essa ideia seja interessante, o texto parece destacar uma visão bastante singular e objetiva sobre a exploração dos recursos naturais da América do Sul, em vez de promover ou discutir múltiplas abordagens epistemológicas. Portanto, não é correto ligar o texto ao pluralismo epistemológico.
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Relativismo cognitivo.O relativismo cognitivo é a ideia de que nosso conhecimento e crenças são sempre relativos ao contexto cultural ou histórico em que se encontram. No entanto, o texto apresenta uma visão bem clara e objetiva sobre a relação entre o ser humano e a natureza na América do Sul, sem entrar na discussão sobre a variabilidade do conhecimento ou interpretações de diferentes culturas. Assim, não faz sentido relacionar o texto ao relativismo cognitivo.
Em busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da
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autonomia do sujeito pensante.Esta está correta. Descartes está defendendo a importância da razão e da capacidade do sujeito de pensar de forma independente e autônoma. Ele acredita que o verdadeiro conhecimento vem da nossa própria capacidade de resolver problemas e formular juízos, e não apenas de absorver informações de outras pessoas, por mais autoritativas que sejam. Essa ideia de autonomia do sujeito pensante é central em suas obras.
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imposição de valores ortodoxos.Essa está incorreta, pois Descartes não fala de imposição de valores ortodoxos, mas sim de pensar de forma independente e crítica. Ele criticava, na verdade, a aceitação passiva de conhecimentos e valores tradicionais, incentivando um espírito investigativo mais livre e questionador.
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liberdade do agente moral.Essa está incorreta. A liberdade do agente moral está mais associada a questões éticas e morais, enquanto Descartes, nesta citação, está se referindo à busca da verdade e ao conhecimento científico e filosófico. Ele está falando mais sobre a capacidade de pensar e julgar por si mesmo, o que vai além da simples liberdade moral.
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retomada da tradição intelectual.Essa alternativa está errada. Descartes propõe um método de pensamento que, apesar de usar a tradição como ponto de partida, busca renovar e questionar o conhecimento estabelecido, em vez de simplesmente retomá-lo. Ele acredita na formulação de julgamentos sólidos, novos e independentes, o que não se alinha com uma simples retomada da tradição intelectual.
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investigação da natureza empírica.Essa alternativa também está incorreta. A investigação da natureza empírica se refere a uma abordagem que enfatiza a experiência e a observação sensorial como base para o conhecimento. Descartes, na verdade, é conhecido por sua abordagem racionalista, onde a razão e o pensamento crítico desempenham um papel central na busca pelo conhecimento verdadeiro, mais do que a mera observação empírica.
Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar a incomparável beleza dessa imensa luz. DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980. TEXTO II
Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma questão de fé. RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que defende um modelo:
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focado na legitimação contratualista.A alternativa que menciona a legitimação contratualista está incorreta porque o contratualismo é uma teoria política sobre o surgimento do estado a partir de um contrato social. Os textos em questão não tratam sobre sistemas políticos nem sobre a formação de sociedades humanas, mas sim sobre a relação entre razão e crença.
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baseado na explicação mitológica.Os textos não defendem uma explicação mitológica. A mitologia se baseia em narrativas tradicionais que explicam o mundo através de fatos sobrenaturais e seres divinos. Na modernidade, um dos pilares é justamente a busca por explicações racionais e científicas, como nos textos que questionam e refletem sobre a existência de Deus de uma perspectiva filosófica.
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fundamentado na ordenação imanentista.Esta alternativa está incorreta pois 'ordenamento imanentista' se refere à visão onde todas as forças e inteligências que regem o universo são ditadas por leis internas ao próprio universo, sem elementos transcendentes, como deuses. Os textos mencionam discussões teológicas e filosóficas sobre a razão e a divindade, o que não se alinha completamente com a ideia imanentista.
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configurado na percepção etnocêntrica.Esta alternativa não está correta porque o etnocentrismo é uma visão que julga outras culturas a partir dos critérios da própria cultura, e não é o foco dos textos apresentados. Os textos tratam mais sobre a relação entre a crença em Deus e a razão humana, algo mais universal do que específico de uma cultura.
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centrado na razão humana.Esta é a alternativa correta. A modernidade se caracteriza pela valorização da razão como forma de entender o mundo. Os textos refletem sobre a existência de Deus e a compreensão do mundo através do questionamento racional, uma característica central do pensamento moderno. O uso da razão para ponderar sobre a fé e a realidade mostra essa ênfase na racionalidade.
A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com os padrões da reflexão medieval, por:
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utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica.Descartes não utiliza silogismos linguísticos como prova de sua existência; ele emprega uma introspecção direta ao afirmar sua certeza de existir toda vez que pensa. Silogismos são formas de argumentação dedutiva, diferente do caminho que ele desenvolve em suas meditações. Portanto, essa alternativa é incorreta.
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estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento.A afirmação "eu sou, eu existo" vem do raciocínio de Descartes que busca encontrar uma base sólida para o conhecimento, algo que seja absolutamente indubitável. Essa certeza é alcançada porque, ao tentar duvidar de tudo, ele percebe que a própria dúvida já confirma a existência do eu que pensa ou duvida. Assim, ele estabelece um princípio fundamental sobre o qual pode basear todo o conhecimento. Logo, essa alternativa é correta.
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estabelecer o ceticismo como opção legítima.Embora Descartes discuta o ceticismo ao longo de suas Meditações, seu objetivo não é estabelecer o ceticismo como opção legítima, mas superá-lo. Ele utiliza o ceticismo metodológico provisoriamente, para encontrar algo que não possa ser questionado (o "cogito"). Portanto, essa alternativa está incorreta.
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questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de Deus.A posição de Descartes quanto à existência de Deus é um passo posterior em suas meditações. Ele primeiro estabelece sua própria existência e, somente depois, trata da questão da existência de Deus como parte do fundamento do conhecimento e do mundo. A proposição "eu sou, eu existo" não é diretamente sobre Deus, mas sobre a certeza da própria existência. Portanto, essa alternativa é incorreta.
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inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo.O empirismo é a teoria que considera a experiência sensorial como a fonte principal do conhecimento, o que é o oposto do racionalismo cartesiano. Descartes é conhecido por ser um dos fundadores do racionalismo, que valoriza a razão como base do conhecimento, em vez da experiência empírica. Logo, essa alternativa está incorreta.
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